quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

2014

Acordou assustado
A coberta ainda cobrindo os seus pés
A luz do quarto acesa
Levantou e calçou os chinelos
Ligou a TV inexistente
O repórter falou
O de sempre
Inundado de problemas cotidianos
O repórter
Mascarado por erros dos outros
Falou.

Escovou os dentes
A olhar para sua imagem
Refletida no espelho
A água caindo
Descendo ralo abaixo

Entra no carro
A transportar estradas em movimento
Os pesadelos
A confusão
Interior em constante conflito
Chegou e abriu os portões
Com chaves que não eram suas
Bate mais uma vez seu cartão
O de sempre
Riscado e com seu nome
Se abaixa e seu dia começa
O computador
Sua mesa
Percebe que roubaram a 10° caneta esse mês
As anotações
Parado, olhos fixados
Em branco
O relógio marca 7:35
Se lembra de que ainda existe música e barras de espaço
Para separar as idéias que correm soltas
Em nuvens que flutuam, como HQs
De papel.

Liga novamente
A TV inexistente
O repórter vomita vozes já conhecidas
O dia se repete
O repórter vomita
A vitoria da anestesia coletiva
E sincero repete que não sentir é a chave para não pensar

Olhou para a cama já vazia
Deitou e sonhou de novo.